Pesquisas apontam que prática pode ser usada para tratar depressão e trabalha a autoestima dos idosos

Pouca gente consegue acertar a idade de Joanna Luiza Belló. Há 40 anos ela dedica parte do seu tempo ao Yoga para exercitar corpo, mente e espírito e, desde garota, sabe o quanto o exercício pode fazer a vida melhor. Aos 85 anos, Joanna não sabe o que é depressão, mesmo que algumas perdas, como a do marido, há cerca de um ano, tenham sido sentidas profundamente.

– Sinto que tenho mais saúde, mais disposição em razão do Yoga. Além disso, eu procuro caminhar todos os dias. O que eu menos faço é ficar trancada dentro de c asa. É, por isso, que, diferente de outras pessoas idosas, aos 85 anos dificilmente fico doente. Não consigo hoje viver sem a Yoga. Aprendi tanto durante esses anos de prática que, todos os dias, faço alguns exercícios em casa.

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Um estudo recente do Centro Médico da Universidade de Duke, nos Estado Unidos, dividiu 70 pessoas com mais de 60 anos com depressão leve em dois grupos. Um deles passou a praticar Yoga semanalmente e ou outro continuou tratando do problema de maneira clínica. Em seis meses, 40% do grupo que participou das aulas de Yoga não apresentou quaisquer sintomas de depressão.

O Yoga é considerado ciência da integração do ser. Os especialistas acreditam que a prática possibilita transformar o ser humano em todos os aspectos. Trata-se do conhecimento do próprio corpo e da própria vida.

Joanna explica que mudou os rumos do processo de envelhecimento quando começou a praticar Yoga. Além de cuidar da saúde, como a prática também tem como objetivo proteger a alma. Para a professora Jamile Ansolin, o Yoga trabalhar a autoestima, tão importante para quem está entrando na terceira idade.

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Jamile também é um belo exemplo do que o Yoga pode fazer pelo corpo. Ela não aparenta ter 52 anos, mas se orgulha da idade e do quanto a prática fez com que ela se torna-se uma pessoa melhor, com aparência jovem, saudável e sem se deixar abalar pelo processo natural do envelhecimento.

– A psicologia identifica que, muitas vezes, o gatilho para a depressão é a ansiedade. O ritmo de vida que levamos provoca uma aceleração da nossa vida para que possamos chegar a algum lugar, para ser alguém, por adquirir algo. Quando deixamos o sapato na entrada do estúdio para iniciar a prática de Yoga, simbolicamente é como se nós nos desconectassemos do mundo lá de fora. Portanto, o Yoga faz com que a gente aprenda a diminuir o ritmo da vida.

Segundo os pesquisadores da Universidade de Duke, a pose de lótus e outras posições clássicas do Yoga ajudam a tratar problemas emocionais. O estudo sugere que se praticado duas vezes por semana, o cérebro passa a funcionar de uma forma mais harmônica, por isso, segundo os pesquisadores, a prática é considerada um antidepressivo natural.

Jamile explica que no início da prática do Yoga o foco é o corpo como um todo.

– Os exercícios de postura e respiração vão influenciar diretamente o espírito e se refletir nas atitudes e nas emoções. As posturas e respiração atuam na saúde das células. Muitas pesquisas mostram que a prática retarda o envelhecimento. Acredito que o Yoga rejuvenesce porque traz essa sensação de bem-estar e alegria de viver – conta a professora.

Ainda que seja ima atividade de baixo impacto, na terceira idade o acompanhamento é fundamental. Mesmo Joanna, que pratica há bastante tempo o Yoga e faz alguns exercícios em casa, não se arrisca a fazer as posições mais complexas com auxílio de um profissional.

Uma pesquisa da Universidade de São Paulo mostrou que o Yoga também atua na prevenção de quedas, mas, para isso, o idoso precisa ser acompanhado. No estudo, os pesquisadores concluíram que a prática do Yoga trabalha o sistema de visão dos idosos, treina o equilíbrio e, ainda, exercita as articulações dos pés, joelhos, coxas e quadril.

 

Fonte: http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/vida/melhor-idade/noticia/2015/01/yoga-pode-ser-um-antidepressivo-natural-4683820.html